Qualquer profissional que esteja a chegar ao mercado de trabalho ou que já faça parte do seleto grupo de pessoas que estão empregadas tem que ter sempre um plano de carreira. A dura realidade deste mundo tão competitivo é que ninguém em empresa nenhuma está lá para cuidar da sua carreira. O que as organizações modernas e boas fazem é dar condições para que o seu projeto se realize.
E, então, como se faz esse tal «plano»?
Hoje, sonhar é um problema. Assim como é um problema aprender a pensar a longo prazo. Normal. Foram tantos anos de inflação, tantos anos a gerir o dia-a-dia, a pensar em sobrevivência e não em existência, que você anestesiou a parte do cérebro que formula os sonhos, que idealiza o futuro, que imagina, sonhando, o que gostaria de estar a fazer daqui a 10 anos... Mesmo os jovens que não viveram as taxas de inflação gigantescas foram impregnados dessa paranóia pelos pais, pelos irmãos, pelos amigos. Planejar? Como? Nem sei o que vai acontecer amanhã, quanto mais daqui a cinco anos! Insisto que o sonho é a essência do plano. Se você acha difícil, faça o exercício abaixo com um amigo.
Vamos usar para isso o moderno conceito de «competência». Sabe o que é «competência»? É aquilo no que você é reconhecidamente bom. Competência existe quando é reconhecida no grupo ao qual você pertence. Se for no trabalho, ela tem que ser percebida e reconhecida pelos seus pares, subordinados e superiores. Competência não é aquilo em que você acha que é bom, é o que os membros do seu grupo de referência reconhecem como sendo uma competência sua. Vamos usar três grupos básicos de competência para facilitar o seu processo de auto-análise:
Competência em lidar com informações;
Competência em lidar com tecnologia.
O «como» é um esforço de estratégia e de marketing pessoal. Como tudo em marketing pessoal, o «como» é feito através das pessoas. Temos plena consciência das nossas competências atuais (porque, lembre-se, você pode adquirir outras que ainda não tem). Sabemos «onde» aplicar as competências e agora queremos que tudo isso se materialize.
A primeira medida é informar os outros (os amigos, os conhecidos, os agentes de mercado, enfim, toda a sua rede de contatos) sobre o sonho, as competências instaladas e o «onde». O primeiro veículo para isso é o seu currículo. Aí existem vários formatos, não importa, o que interessa é que o currículo tenha a sua cara, que qualquer pessoa que o leia perceba com clareza os seus objetivos, as suas competências e o que você quer fazer com eles. Feito o currículo, que tanto pode ter uma como mais páginas, esse documento precisa de chegar às mãos das organizações que você pré-selecionou na fase «onde». Se conseguiu uma entrevista através de conhecidos, leve o currículo pessoalmente. Se for preciso mandá--lo antecipadamente ou entregá-lo a um portador, escreva uma carta que sirva de capa e de introdução. Uma carta curta dizendo por que se interessou pela organização, qual é a sua competência mais significativa para aquela empresa, e mencione a sua disponibilidade (horário e datas) para uma entrevista. Faça uma carta para cada empresa. Não envie aquela carta que parece uma circular ou que tem ar de servir para todas as empresas a que se candidata...
Você tem lido nas revistas várias formas de fazer essa abordagem do «como» — escolha a que mais se pareça consigo. Prepare-se sempre muito bem para a entrevista. Faça o trabalho de casa, mesmo que já esteja empregado e só queira mudar de área ou de divisão. Informe-se antes de ir conversar com as pessoas que poderão ajudá-lo. Procure saber quem é o seu interlocutor, o que se passa na área dele, o que se espera como maior contribuição. Não vá à sorte, não brinque ao «eu depois arranjo- -me», nunca se apresente amadoristicamente. A competência, assim como a sutileza e o amor, está sempre nos detalhes. Cuide do seu plano. Refaça-o anualmente. Não espere uma crise, uma demissão ou um susto maior para fazer o seu projeto pela primeira vez. Seja profissional, sempre, e para isso tenha um projeto de carreira. Não se contente em ser ator secundário. Seja você a estrela principal.
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