domingo, 7 de novembro de 2010

5 Passos para um Plano de Carreira - Por Luiz Carlos Cabrera

Qualquer profissional que esteja a chegar ao mercado de trabalho ou que já faça parte do seleto grupo de pessoas que estão empregadas tem que ter sempre um plano de carreira. A dura realidade deste mundo tão competitivo é que ninguém em empresa nenhuma está lá para cuidar da sua carreira. O que as organizações modernas e boas fazem é dar condições para que o seu projeto se realize.

E, então, como se faz esse tal «plano»?

1.º passo: sonhe com a sua carreira

Hoje, sonhar é um problema. Assim como é um problema aprender a pensar a longo prazo. Normal. Foram tantos anos de inflação, tantos anos a gerir o dia-a-dia, a pensar em sobrevivência e não em existência, que você anestesiou a parte do cérebro que formula os sonhos, que idealiza o futuro, que imagina, sonhando, o que gostaria de estar a fazer daqui a 10 anos... Mesmo os jovens que não viveram as taxas de inflação gigantescas foram impregnados dessa paranóia pelos pais, pelos irmãos, pelos amigos. Planejar? Como? Nem sei o que vai acontecer amanhã, quanto mais daqui a cinco anos! Insisto que o sonho é a essência do plano. Se você acha difícil, faça o exercício abaixo com um amigo.

2.º passo: viaje para o futuro

Imagine que vocês se encontraram num aeroporto exatamente no dia 5 de Março de 2013. Na hora do encontro, vocês, apressados, que não se viam desde o fim do terceiro ano do Ensino Médio, não tiveram tempo de contar tudo o que aconteceu nas suas vidas e propuseram-se mandar um ao outro um fax contando o que havia ocorrido desde o último encontro, em dezembro de 2007. Ao escrever esse fax, com data de 5 de novembro de 2012, você estará a pôr no papel um pouco dos seus sonhos e estará a dar início à elaboração do seu plano de carreira. Por favor, escreva o fax! O plano não vai funcionar se você não puser as suas ideias no papel. E não me venha com essa de «não ter tempo», pois, afinal, estamos simplesmente a tratar do seu maior patrimônio, que é a sua carreira.

3.º passo: descubra o que vale

Agora você já tem um sonho no papel. Eu sei que tem mais cara de plano do que de sonho. Afinal, você perdeu um pouco a capacidade de sonhar a longo prazo. E, também, cinco anos passam tão depressa... Pelo menos temos o que perseguir. Quanto mais definido o sonho, maior a sua energia pessoal para passar por fases complicadas (inevitáveis), por crises e por dificuldades. Quem tem um sonho, claro encara a vida com mais serenidade. E cada sacrifício e cada vitória são como um passo na direção da realização do sonho.Vamos à terceira parte: a «auto-análise». Eu sei que também não é fácil — achou que seria? Pensa que fazer um plano de carreira que é um verdadeiro projeto de vida é uma coisa simples e básica?

Vamos usar para isso o moderno conceito de «competência». Sabe o que é «competência»? É aquilo no que você é reconhecidamente bom. Competência existe quando é reconhecida no grupo ao qual você pertence. Se for no trabalho, ela tem que ser percebida e reconhecida pelos seus pares, subordinados e superiores. Competência não é aquilo em que você acha que é bom, é o que os membros do seu grupo de referência reconhecem como sendo uma competência sua. Vamos usar três grupos básicos de competência para facilitar o seu processo de auto-análise:

Competência em lidar com pessoas;

Competência em lidar com informações;

Competência em lidar com tecnologia.

4.º passo: onde quer chegar

Eu sei que fazer auto-análise não é fácil. Tendemos a ser muito mais exigentes conosco do que com os outros, mas é muito importante que você, ao terminar a auto-análise, a mostre a um colega de trabalho para testar a sua sensibilidade. Mostre-a também a uma pessoa do seu relacionamento pessoal, fora do ambiente de trabalho. Poderá ter surpresas do tipo ser reconhecidamente competente nas relações com pessoas no ambiente social e não ser assim reconhecido no ambiente de trabalho. Pode ser que atitudes e comportamentos que você está a ter no ambiente de trabalho não estejam a ser percebidos da forma como você gostaria. Esse quarto passo é excelente, porque o coloca frente a frente com as decisões do «onde». Isso mesmo. «Onde» vai você investir as suas competências?

Onde você acredita que o seu conjunto de competências poderá ser aplicado de forma a poder levá-lo à realização do seu sonho. Uma observação importante para quem já está empregado. Nesta hora da elaboração do seu plano, você vai fazer uma cuidadosa avaliação do seu trabalho atual. Pode ser que esteja na empresa certa, mas na área errada, ou com o chefe errado! Esse «onde» pode ser na sua empresa, porém, noutra divisão ou setor. O importante é recolher todas as informações sobre as empresas, as suas características, a sua cultura organizacional, o seu negócio, os seus dirigentes e os seus acionistas. Consulte os anuários, os jornais e as revistas de negócios, leia as entrevistas dos presidentes e todas as notícias sobre a empresa e visite os seus sites na Internet. Use também a sua rede de contatos. É a sua carreira, é o seu sonho, é a sua vida!

5.º passo: como atingir o sonho

Depois de ter definido o «onde», vamos partir para o «como». Que estratégia vai adotar para mudar de área dentro da sua empresa ou mudar de empresa, se concluiu que a atual não o vai ajudar a atingir o seu sonho — ou se procura ainda o primeiro emprego?

O «como» é um esforço de estratégia e de marketing pessoal. Como tudo em marketing pessoal, o «como» é feito através das pessoas. Temos plena consciência das nossas competências atuais (porque, lembre-se, você pode adquirir outras que ainda não tem). Sabemos «onde» aplicar as competências e agora queremos que tudo isso se materialize.

A primeira medida é informar os outros (os amigos, os conhecidos, os agentes de mercado, enfim, toda a sua rede de contatos) sobre o sonho, as competências instaladas e o «onde». O primeiro veículo para isso é o seu currículo. Aí existem vários formatos, não importa, o que interessa é que o currículo tenha a sua cara, que qualquer pessoa que o leia perceba com clareza os seus objetivos, as suas competências e o que você quer fazer com eles. Feito o currículo, que tanto pode ter uma como mais páginas, esse documento precisa de chegar às mãos das organizações que você pré-selecionou na fase «onde». Se conseguiu uma entrevista através de conhecidos, leve o currículo pessoalmente. Se for preciso mandá--lo antecipadamente ou entregá-lo a um portador, escreva uma carta que sirva de capa e de introdução. Uma carta curta dizendo por que se interessou pela organização, qual é a sua competência mais significativa para aquela empresa, e mencione a sua disponibilidade (horário e datas) para uma entrevista. Faça uma carta para cada empresa. Não envie aquela carta que parece uma circular ou que tem ar de servir para todas as empresas a que se candidata...

Você tem lido nas revistas várias formas de fazer essa abordagem do «como» — escolha a que mais se pareça consigo. Prepare-se sempre muito bem para a entrevista. Faça o trabalho de casa, mesmo que já esteja empregado e só queira mudar de área ou de divisão. Informe-se antes de ir conversar com as pessoas que poderão ajudá-lo. Procure saber quem é o seu interlocutor, o que se passa na área dele, o que se espera como maior contribuição. Não vá à sorte, não brinque ao «eu depois arranjo- -me», nunca se apresente amadoristicamente. A competência, assim como a sutileza e o amor, está sempre nos detalhes. Cuide do seu plano. Refaça-o anualmente. Não espere uma crise, uma demissão ou um susto maior para fazer o seu projeto pela primeira vez. Seja profissional, sempre, e para isso tenha um projeto de carreira. Não se contente em ser ator secundário. Seja você a estrela principal.

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